quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Resumo reunião Irã e Egito -08/12

Data, local: 08 de dezembro de 2011, FFLCH.

Participantes: Carol, Ariel, Cila, José Antônio, Peter e Daniella.

Tema: Irã e Egito

Apresentação Ariel: Texto “Understanding Iranian Foreign Policy : Combining Ideological and Realist Explanations” James Devine

O texto, feito para ser apresentado em um Congresso de Sociologia nos Estados Unidos, pretende analisar a política externa iraniana, sob dois ângulos distintos: o ideológico e o realista.

Ao examinar a política externa iraniana, dois aspectos sobressaem:

1) A importância da Revolução Iraniana, no sentido de uma visão de mundo iraniana norteada pela Revolução de 1979. Isso é ratificado pela existência, na Constituição do Irã, da primazia dos valores revolucionários. A valorização da Revolução embasaria o aspecto ideológico da política externa iraniana.

O autor aponta que o Irã tende a variar entre posições realistas e ideológicas em sua política externa. Nos anos 80, logo após a eclosão da Revolução, a sua política inclinou-se para o lado ideológico. Neste momento, Irã está em guerra com o Iraque, se opõe aos Estados Unidos e se aproxima do Hamas, em 1988, e do Hezbollah. A partir de 1988, com a derrota iraniana, o Irã utilizou a sua política externa de forma mais pragmática, mais realista, apropriando-se do conceito de balança de poder. Como os Estados Unidos representavam um ator poderoso no cenário regional e global, o Irã precisou recorrer à alianças estratégicas para dirimir a assimetria de poder; as relações com a Arábia Saudita se situam nesta lógica pragmática. A partir de 2000, o Irã retornou, progressivamente, a uma posição mais ideológica, tendo como sintoma desta “efervescência ideológica” a eleição de Ahmadinejad em 2005.

Para o autor, a ideologia representa a principal sustentação do regime para a sua legitimidade doméstica e também para a construção de alianças, definindo quais são as nações amigas e inimigas. Ariel apontou a necessidade de avaliar o carisma do governante como forma de sustentar o poder. O antigo aiatolá Khomeini, no dia do seu funeral, atraiu milhares de pessoas, o que, de certa forma, demonstra o papel do carisma no âmbito político. Ariel também citou Max Weber, o qual enfatiza o fator carismático no movimento xiita, podendo ser visto como uma “forma de poder carismática”. Nesse sentido, o próprio Ahmadinejad, no filme “Cartas para o Presidente”, aparenta reforçar esse elemento carismático ao responder as cartas provenientes do povo.

2) No que concerne a questão das alianças regionais, o Irã procura se fortalecer no Golfo Pérsico, no entanto, o país tem dificuldade de se posicionar na região. Com exceção da Síria, tem aliados fracos e informais, tais como o Qatar e o principiado de Omã. A fragilidade das alianças provoca instabilidade regional. Os aliados não logram reforçar a posição Iraniana, pelo contrário, essas alianças se situam muito mais no campo retórico que efetivo.

Ariel questiona o papel da Revolução Iraniana tanto no seu âmbito doméstico como nas suas relações exteriores, se este foi positivo ou negativo para o Irã como um todo.

Comentários Peter: Seguindo a lógica do autor, o relacionamento com a Síria pode ser visto a partir de uma perspectiva realista, já que este país não apresenta quaisquer afinidades, culturais ou ideológicas, com o Irã. Por outro lado, o Hamas, comprometido com a visão Khomeinista, explicita a existência de uma aliança fortemente baseada em identificações ideológicas.

Outro ponto a ser levantado é que a tendência mais moderada da política externa iraniana, durante a década de 90, se relaciona diretamente com a quebra do momento revolucionário do regime Khomeinista, devido à sua quase derrota na Guerra Irã-Iraque. O movimento estudantil e as manifestações dos que queriam liberalizar o regime são resultados dessa crise de legitimidade do regime dos Aiatolás.

Por outro lado, a derrubada de Saddam Hussein e o recente fim da intervenção dos Estados Unidos no Iraque geraram um vácuo de poder que fortaleceu o poder do Irã na região. Ao mesmo tempo, diferentemente do que prega a teoria realista, a política doméstica teve influência significativa na política externa do Irã; no que concerne a questão do carisma, Khomeini pode ser visto como uma pessoa carismática, mas, Khamenei é anti-carismático. O próprio Ahmadinejad tem mais carisma que o Khamenei. Para Cila, Ahmadinejad não é carismático, apenas se utiliza de uma máquina populista (a de responder as cartas) de forma eficiente.

Comentários Peter: A legitimidade do regime se baseia no elemento ideológico, o Irã, ao mostrar-se como uma mistura de democracia e teocracia, acaba por manter o apoio de uma parcela significativa, talvez a maioria, de sua população. A sustentação do regime não é econômica porque, apesar da existência de petróleo, o país apresenta uma performance econômica desastrosa, além da evidente corrupção por parte da elite iraniana.

Texto: Wikileaks

O texto, elaborado por um funcionário das Nações Unidas, pretende examinar as razões dos seqüenciais fracassos na mesa de negociações entre Irã, Estados Unidos e Israel.

Para o Irã, a questão da honra é essencial. O país não aceita sentir-se inferiorizado pelas outras nações.

Os Estados Unidos, devido à assimetria de poder existente entre os atores, acabam por adotar uma posição impaciente nas negociações.

Israel apresenta uma visão de mundo pautada pela percepção de uma ameaça iminente, e, como conseqüência, privilegia o uso da força militar como instrumento de resolução de conflitos.

De acordo com o autor, os três países precisam fazer concessões, reconhecer os atores, de forma equitativa, e construir laços de confiança. Essas ações, além de evitarem uma guerra nuclear, ajudariam na solução do conflito Israel-Palestina, na melhora do Líbano e na relação Arábia Saudita-Irã.

Comentários Peter: A questão da honra é, inquestionavelmente, relevante para os países do Oriente Médio, fator que acaba sendo negligenciado pelas potências ocidentais. Ao mesmo tempo, não se pode desconsiderar o discurso iraniano de aniquilação do Estado de Israel, o qual também constitui-se como fator de empecilho para a continuação das negociações.

Apresentação José Antônio: Texto – “Radical Change” Ed Husain

O autor, que, antes, fora radical islamista, agora é membro de Quilliam Foundation, um think-tank que adota uma postura crítica quanto ao radicalismo islâmico. Ed Husain também trabalha no Council on Foreign Relations.

Ed Husain procura analisar o conflito de idéias existentes entre secularistas liberais e islamistas, no âmbito das eleições egípcias. Para o autor, há um medo generalizado, por parte das potências ocidentais, de que os islamistas radicais vão “seqüestrar” as eleições.

O autor entrevistou alguns membros da Irmandade Muçulmana, questionando-os sobre o que seria um Estado Islâmico. Aparentemente, nenhum soube responder ao certo; fizeram muitas críticas ao secularismo mas não propuseram soluções alternativas. Abou El-Fotouh, da Irmandade Muçulmana, afirmou defender os direitos humanos, no entanto, ao ser perguntado sobre a possibilidade de haver desrespeito a esses direitos, por exemplo, se punições alcorânicas, tais como apedrejamento ou amputação, seriam incorporadas como normas da Carta Constitucional, Abou El-Fotouh adotou uma posição de conformidade e indiferença para com a proteção desses mesmos direitos.

O autor aponta que não se chegou a um consenso sobre qual seria o objetivo da Sharia. Há séculos atrás, a defesa da Sharia se relacionava com a proteção da família, da propriedade e do conhecimento. Regras particulares pautadas por estes objetivos e derivadas das fontes sagradas do Islã eram consideradas como historicamente contextualizadas e mutáveis. Porém, essa concepção mais liberal não é mais recorrente. Os partidos, e a Irmandade Muçulmana, em específico, não desenvolveram o conceito do que representaria um Estado Islâmico. O único assunto que os membros dos partidos parecem concordar é sobre a hostilidade para com Israel.

Comentários Peter: A origem da Irmandade Muçulmana é radical, anti-semita e anti-ocidental, no entanto, a Irmandade Muçulmana transformou-se e pode, eventualmente, evoluir para uma espécie de Partido Democrata Cristão na Alemanha ou A.K.P na Turquia. No partido, há muitos jovens que não são radicais, mas apenas conservadores. Outro aspecto interessante é que a Irmandade Muçulmana além de ter dinheiro e militância, ajuda os necessitados e constrói infra-estrutura, ações que mobilizam considerável apoio popular.

A Irmandade Muçulmana se moderou devido à repressão por parte do regime Mubarak e, mais recentemente, pela pressão dos liberais, porém, com o recente ganho eleitoral dos salafistas, a Irmandade terá que escolher com quem formará coalizão. Caso sejam os salafistas, há um maior risco de radicalização para a direita.

O turismo também deve ser lidado com o novo governo, uma vez que representa a primeira fonte de renda do país. Portanto, caberia questionar qual seria a posição de um Estado Islâmico perante os visitantes ocidentais.

Ariel pergunta se não observamos, pós Primavera Árabe, uma tendência em eleger partidos islâmicos.

Texto 2 “Why Egypt’s Salafists are not Amish?” Ed Husain

Para o autor, a ascensão do grupo salafista no Egito representa perigo por três razões principais:

1) O salafismo representa uma escola na qual terroristas proeminentes são venerados, tais como Osama Bin Laden. Movidos pelo princípio da “hakimiyyah”, os Salafis pregam Deus como sendo o governante supremo sobre os homens. Al Qaeda pretende implantar esse princípio, e para isso, utiliza-se do Jihad.

2) Acreditam que a relação com os não-muçulmanos deve ser mínima. Deve-se suspeitar e até mesmo odiar os que não sejam muçulmanos.

3) Aceitação do “takfeer”; muçulmanos podem ser excomungados e, posteriormente, executados.

Para o autor, esses três pontos unidos ao Jihad poderiam gerar uma confrontação regional e até mesmo global. São esses aspectos que precisam ser encarados pelo Ocidente.

Comentários Peter: A vitória dos salafistas não é tão preocupante como o autor pretende apontar. Os salafistas podem ser considerados um grupo radical, no entanto, não são necessariamente violentos. A grande questão é se os islamistas radicais usarão a democracia para se estabelecer no poder ou se a própria democracia conseguirá se consolidar, forçando os islamistas radicais a se conformar so jogo político não-violento. Nesse sentido, cabe perguntar se um regime com traços islamistas pode promover uma transição para uma democracia mais consolidada, ou, se esse regime acabará por apegar-se ao poder, destruindo o embrião da democracia?

Texto 3 – “Egypt’s Doomed Election” Andrew Reynolds

Para o autor, as eleições no Egito levarã0, inevitavelmente, a um desastre, a uma guerra civil. O Parlamento egípcio não refletirá o desejo da população, pois, os egípcios que foram às ruas foram silenciados pelo processo eleitoral.

O sistema eleitoral imposto pelos militares conduzirá, fatalmente, a uma excessiva representação de determinados partidos, tais como a Irmandade Muçulmana e os Salafistas, enquanto que as minorias, principalmente os coptas e as mulheres, ficam sub-representadas. Ademais, os partidos seculares não possuem uma base eleitoral significativa tais como os dois partidos principais.

Os coptas não votarão em partidos islâmicos, no entanto, também não confiam mais nos liberais, de forma que estarão sub-representados na Assembléia Constituinte.

Os liberais, ao se encontrarem em posição desprivilegiada, recorrerão a uma aliança com os militares, o que não deixa de ser um mau presságio.

Comentários Peter: A questão dos cristãos no Egito é importante. A ameaça à sua segurança poderia provocar uma emigração massiva para países próximos.



Resumo reunião Líbia 24/11

Data, Lugar: 24 de novembro de 2011, FFLCH.

Tema: Intervenção na Líbia

Participantes: Ariel, Cila, Daniel, Thiago, José Antônio, Luciana, Natália, Stella, Peter, Daniella.

Apresentação José Antonio – texto “Lybia recolonised” Aijaz Ahmad

O autor, um crítico literário marxista indiano, pretende analisar, neste artigo, a ação da OTAN na Líbia. Para ele, a intervenção representou uma ofensiva ultra-imperialista euro-americana. Aijaz aponta que essa foi a primeira intervenção baseada, exclusivamente, na defesa dos direitos humanos, e o autor, justamente, questiona essa justificativa.

O autor alega que um massacre não era iminente na Líbia, antes da intervenção da OTAN. Havia conflitos internos que, em nenhuma hipótese necessitavam de intervenção estrangeira para serem lidados. O princípio “responsabilidade de proteger” é uma concepção distorcida, usada, de forma manipulada, pelos países ocidentais. Ele cita, por exemplo, a redemocratização dos países da América Latina, a qual ocorreu sem intervenção estrangeira.

Para o autor, os países estrangeiros, ao intervir na Líbia, estariam interessados no petróleo existente na região, e como conseqüência, queriam se tornar parceiros comerciais da Líbia que iria emergir com a queda de Qadhafi. O autor afirma que, devido à intervenção, houve 50.000 mortos e 500 mil desabrigados, porém, em nenhum lugar encontramos dados com esses números.

A União Africana, para o autor, representaria o único ator legítimo capaz de defender a região, ao adotar uma posição contrária à intervenção. Através de críticas diretas à ONU, aos países europeus e aos Estados Unidos, a União questiona não apenas a legitimidade desses atores, mas também a sua tendência de se identificarem como “a comunidade internacional”. A ONU, seguindo essa visão, teria que ser apenas uma intermediária e não participar de uma guerra civil, tal como ocorreu na Líbia.

Ahmad denuncia o ataque ao regime de Qadhafi, descrito como progressista, de bem-estar e antiimperialista, o qual previa a privatização e a garantia de interesses ocidentais na Líbia. Nesse sentido, o autor alerta sobre o uso de argumentos humanitários para outras intervenções futuras no Oriente Médio.

O autor termina por comparar as ações de dois países “imperialistas” na África: os Estados Unidos e a China. Ambos buscam garantir o acesso aos recursos naturais africanos. No entanto, enquanto que os Estados Unidos recorrem ao uso da força e de forma apressada, a China investe na região e espera, pacientemente, o retorno de seus investimentos. Desta forma, o futuro da África seria melhor se estivesse nas mãos da potência asiática.

José Antonio apontou que o autor não trouxe quaisquer propostas sobre como lidar com a questão do genocídio. Ademais, questiona até que ponto podemos considerar que um país, ao lutar pelos direitos de suas empresas, pode ser considerado imperialista, em meio a uma sociedade globalizada e interdependente financeiramente.

Comentários Peter:

O autor, ao defender a idéia de uma abolutização da soberania do Estado, adota uma perspectiva realista e não marxista das Relações Internacionais. Além disso, o autor denega o papel da defesa dos direitos humanos pois se concentra apenas na análise da instrumentalização do discurso humanitário por parte das potências ocidentais. Ressaltando que hoje a preocupação com os direitos humanos é muito mais proeminente do que anos atrás.

Há uma idealização do regime de Qadhafi, visto como mártir, e como conseqüência, há uma amenização no que concerne o número de violações de direitos humanos pelo regime. Ademais, a idéia da Líbia como um Estado de bem-estar social é inconcebível, pois, a riqueza do petróleo ficou concentrada nas mãos da elite, enquanto que a população tem salários baixíssimos.

Qadhafi não estaria disposto a negociar, tal como o autor defende, pelo contrário, o discurso da negociação equivaleria a mais uma tentativa de truque, de artimanha. Ademais, ao associar os rebeldes como mercenários da OTAN acaba por adotar uma perspectiva simplista do conflito que reduz o significado da oposição interna ao regime.

Apresentação Thiago - texto “Conflict risk alert: Syria’s tipping point” e “Syria, Sanctions and Evils of Transition” de Ed Husain

Levante de oito meses que caminha para um conflito violento. Com o conflito na Síria, há um risco de contágio regional, principalmente, no Líbano, Jordânia e Iraque.

Acordo com a Liga Árabe tende a falhar pois a idéia de que as manifestações pacíficas seriam aceitas pelo governo é extremamente enganosa. Ao mesmo tempo, há uma polarização que contamina as instituições, por exemplo, no exército, no qual há um número considerável de desertores, os quais querem unir-se à luta armada.

No cenário interno, a classe média síria, na opinião do autor, se encontra dividida, não decidiu ainda quem irá apoiar, primeiro precisa verificar quais dos seus interesses estão em jogo. No tocante aos países da região; o Irã, o Líbano, a Argélia e o Iraque apóiam a Síria, paralelamente, a Rússia e a China já prometeram vetar qualquer resolução das Nações Unidas que seja prejudicial à Síria. Do outro lado, a Turquia já deixou claro a sua posição no conflito ao apoiar o exército livre sírio. Uma tensão entre Síria e Turquia pode deflagrar em um conflito mais intenso.

Para o autor, o medo da Síria de se isolar internacionalmente poderia fazer com que o acordo com a Liga Árabe desse certo, no entanto, os fatos mostraram o contrário.

Thiago aponta que um aspecto importante da Primavera Árabe é a vertente econômica, pois esse fator perpassa as diferentes manifestações, no entanto, cada país apresenta as suas particularidades, o que permite uma distinção entre as revoltas.

No texto de Ed Husain sobre sanções, o autor alega que as sanções não funcionam pois prejudicam a população e não enfraquecem o regime, um exemplo desta ineficiência seria o Iraque de Saddam Hussein, o qual foi condenado a doze anos de sanções, sem que estas mitigassem o regime.

Comentários Peter: Com a queda de Assad, o Irã será o principal prejudicado, pois caso Assad não esteja mais no poder, o substituirá ou uma guerra civil ou um regime sunita, e ambos seriam maléficos ao Irã.

É interessante comparar as manifestações no Irã e na Síria: na Síria, há uma evidente contestação do regime pela população e as recorrentes manifestações nas ruas ratificam esse fato; já no Irã, o governo logrou silenciar a oposição, usando muito menos violência do que a Síria. O Irã é um país muito institucionalizado, e por esta razão, consegue reprimir com eficácia e legitimidade. No Irã, a morte de algumas pessoas já provoca um afastamento de possíveis oposicionistas. O regime iraniano não é menos violento do que o sírio, mas muito mais eficaz em intimidar a oposição. Além disso, o Irã dispõe, provavelmente, de uma maior reserva de legitimidade ou até mesmo simpatia em relação à ditadura de Assad.

Peter questiona a lógica econômica para explicar as revoluções, para ele, o que realmente ocorre é que os países árabes petrolíferos tem renda suficiente para subornar a população, e portanto, silenciar a oposição. Isso ocorre principalmente na Arábia Saudita, na Argélia, no Kuwait e, até março de 2011, no Bahrein. O petróleo representaria então a possibilidade de evitar as manifestações. Assim, a relação causal entre miséria econômica e revoluções não se aplicaria, pois, caso contrário, haveria mais revoltas em Bangladesh e Nigéria, e menos no Bahrein, um principado petrolífero. Fatores materiais são claramente importantes, no entanto, o que desencadeia as revoltas parece estar mais relacionado a um fator de dignidade: as revoltas eclodem onde a elevação das expectativas de emancipação (econômica, mas, primeiramente, política e social-sexual) são evidentes. Além disso, essas expectativas se intensificam com a globalização e com as novas mídias, e acabam por entrar em choque com regimes estagnados, com queda de legitimidade e sem habilidade para conduzir uma abertura gradativa e controlada.


sábado, 29 de outubro de 2011

RESUMO REUNIÃO - ANÁLISE DAS REVOLTAS NA SÍRIA

Data, Local - 20 de outubro de 2011, FFLCH.
Participantes: Carolina, Peter, Danilo, Daniel, Larissa e Cila.
Carolina Alberice substituiu Daniella Abramovay como monitora neste dia.

Apresentação Cila - "Popular protest in North Africa and the Middle East: the syrian regime's slow motion suicide" (International Crisis Group)

IDÉIA CENTRAL DO TEXTO: o regime sírio ruma ao suicídio pelas repressões e pelas propostas de reforma. Os protestos na Síria já vêm de longo tempo e não ocorreram como uma explosão como na Tunísia e no Egito. O movimento nasceu pequeno e foi se espalhando pelas cidades, o que de início deu margem ao governo a classificá-lo como um movimento de poucos. A princípio de caráter pacífico e com presença maciça masculina, hoje já possui focos de resistência armado e se encontra mais polarizado. Mesmo com as atuais propostas de reformas o povo continua a protestar pois muitos querem a mudança de regime. Cada vez mais polarizado o movimento, o governo encontra apoio em Damasco e nos alauítas.

OBSERVAÇÕES DO PETER: Síria possui uma comunidade complexa assim como o Líbano. Várias comunidades que coexistem: 10% de cristãos e uma maioria de muçulmanos formados de sunitas, xiitas, drusos e alauítas. As tentativas de reforma hoje parecem ultrapassadas (artigo é de Julho desse ano). Assad não se assemelha a uma absolutista, pois ele deve manter o equilíbrio nessa sociedade tão diversificada, mas o governo caracteriza-se por uma ditadura. Alauítas são uma minoria armada pela França à época do Mandato, e hoje são uma parcela de apoio ao governo de certa forma detestada pelas demais populações.

Apresentação Daniel - "Popular protest in North Africa and Middle East: the syrian people's slow motion revolution" (International Crisis Group)

IDÉIA CENTRAL DO TEXTO: é explicar porque a revolução é lenta. Ele se divide em 4 partes: uma primeira em que autor faz uma abordagem histórica; na segunda como o regime leu a crise; na terceira como o povo reagiu e a última como o movimento se radicalizou. O autor elenca uma série de fatores que levariam o governo a ser estável, como por exemplo o fato de apresentar uma sociedade civil fraca ante a sua pluralidade. No entanto a forte repressão dos últimos tempos fizeram com que esse fatores não fossem mais tão relevantes. Damasco fora um grande pólo de migração entre as décadas de 60 e 70, e hoje, se caracteriza por pólos de minorias que preferem manter o governo atual a arriscar a possibilidade de um novo governo repressor.

OBSERVAÇÕES DO PETER: Síria depende das importações que podem sofrer sanções internacionais e que poderiam afetar a burguesia sunita que apóia o governo. Elemento importante: desertores do exército são um perigo ao governo. Na síria há uma tendência a diferenciação dos ramos islamistas, como no Egito – a importância da Irmandade Muçulmana no país.

Carolina Alberice


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

RESUMO REUNIÃO CONFLITO ISRAEL-PALESTINA


Data, local: 22 de setembro de 2011

Tema: Conflito Israel-Palestina

Participantes: Peter, Luciana, Ariel, Augusto, José Antonio, Natália, Daniel, Danilo, Daniella


Em nossa última reunião, discutimos cinco textos sobre o atual conflito Israel-Palestina. Luciana, Daniel e Augusto foram os responsáveis por apresentar os textos aos grupos.


Apresentação Luciana – Texto principal “Is Palestine next?” de Adam Shatz (London Review of Books)


Luciana fez uma análise detalhada dos principais aspectos apresentados no texto, esse esboça um panorama impressionista das posições palestinas no inicio de 2011. Shatz adota, claramente, uma posição pró-palestina, e, através dos argumentos mostra o anseio do povo palestino em adquirir justiça pelos fatos ocorridos no passado.

O autor mostra que, em meio às revoltas da primavera árabe, a questão palestina emergiu no cenário internacional. Com os eventos ocorridos na Líbia, no Egito, na Tunísia, e em outros países, os palestinos começaram a sentir-se mais confiantes na luta pelos seus direitos; não se sentiam mais sozinhos quando viam bandeiras palestinas hasteadas na praça Tahrir, acreditavam que a sua vez estava próxima.

Ao observar a demanda palestina na Organização das Nações Unidas; de ser reconhecida como Estado, Adam Shatz mostra que, para a maioria dos palestinos, a questão não se concentra tanto na resolução de um Estado ou dois Estados, mas sim no reconhecimento, por parte de Israel, dos crimes perpetuados e das injustiças cometidas ao longo desses anos conflituosos. Nesse sentido, o pedido de reconhecimento na ONU constituiria muito mais uma tática da causa palestina do que um fim em si mesmo; um objetivo, pois independentemente do resultado final, a questão Israel-Palestina seria colocada na pauta dos assuntos internacionais que demandam uma solução imediata. Além disso, o possível veto dos Estados Unidos, junto à negação israelense, poderiam aportar um certo constrangimento aos Estados Unidos, na sua política externa e nas suas relações com o Oriente Médio, as quais já não se encontram em seu melhor momento.

Luciana também apontou no texto em que consistiria o direito de retorno para os palestinos; não seria necessariamente uma questão de voltar a estabelecer-se em suas moradias originais, mais sim de ter a possibilidade de locomoção por todo o território israelense, sem a presença de postos de controle e muros que separam as populações. Os jovens formam o principal grupo que defende a existência de um Estado único, onde possa ser garantida a liberdade e direitos para todos, independente se são palestinos ou israelenses; no entanto, para que possa existir essa coexistência entre os povos, é imperativo o reconhecimento, por parte de Israel, das injustiças cometidas contra o povo palestino. Por outro lado, o texto documenta também tendências mais problemáticas entre a nova geração de palestinos cisjordanianos, tais como a recusa de diálogo e de qualquer cooperação, a qual possa ser entendida como uma “normalização” nas relações, seguida de uma parca reflexão sobre a futura coexistência com os judeus no esperado Estado binacional.


Comentários Peter: o argumento mais importante do texto consiste na definição das manifestações não-violentas como um eficaz mecanismo de solução do conflito israelo-palestino, no sentido de que Israel não teria como responder, pelas armas, a grupos de pessoas entrando em seu território com chaves e bandeiras palestinas. O inovador do artigo estaria, portanto, na combinação de novas táticas de guerra não-convencionais, principalmente a internet, trazidas pelos jovens, unida à propagação de uma agenda mais radicalizada, que busca deslegitimar Israel e a solução de dois Estados.

No debate entre todos os membros, Ariel colocou que essas manifestações não-violentas podem ser perigosas, no sentido de que há a possibilidade de violenta repressão para combatê-las, tal como ocorreu nos Estados Unidos, na década de 60, com o movimento negro, o qual foi duramente combatido pelas forças dominantes.

Outro ponto levantado pelo professor seria de que o reconhecimento da Palestina acabaria sendo benéfico para Israel, pois haveria o reconhecimento de Israel como um Estado, dentro de fronteiras definidas, pela comunidade internacional (já que alguns países ainda não o reconhecem), e haveria também o reconhecimento das fronteiras internacionais, principalmente, as do lado da Cisjordânia; no entanto, a radicalização de ambos os lados: dos palestinos, que acabam recorrendo ao Hamas, e dos colonos presentes nos assentamentos, os quais provocam os palestinos cotidianamente, levaria a uma situação de impasse nas negociações, a qual, dificilmente, seria superada.


Apresentação Daniel – Texto “Israel’s Borders and National Security” de George Friedman (Stratfor)


O argumento principal do texto está na defesa, por motivos geopolíticos e estratégicos, do retorno às fronteiras pré-1967 de Israel. O autor defende sua perspectiva através de uma análise exclusivamente militar da evolução histórica das fronteiras israelenses. Para o autor, um território mais amplo não pode ser considerado como sinônimo de uma maior segurança territorial, pelo contrário, a guerra de 1973 (guerra do Yom Kippur), entre Israel, Egito e Síria, apesar de ter sido ganha por Israel, mostrou as dificuldades de defesa dos territórios adquiridos. Além do mais, hodiernamente, há novas formas de guerra não-convencionais, “assimétricas”, como a guerrilha feita pelo Hamas e Hezbollah contra Israel e a ameaça nuclear iraniana. Portanto, para combatê-las Israel não precisa levar em consideração o tamanho do seu território. Outro aspecto levantado pelo autor, é a ampla dependência militar de Israel para com os Estados Unidos; essa aliança pode não ser tão eterna quanto os israelenses gostariam (wishful thinking), por isso, é necessário que Israel possa desenvolver sua auto-suficiência no âmbito militar. Daniel apontou no texto que o autor desconsidera a questão dos assentamentos, os quais constituem-se como o principal obstáculo ao retorno das fronteiras pré-1967.


Texto “When Israeli arrogance meets Arab Honor?” de Akiva Eldar (Haaretz)


Daniel mostra que o artigo consiste numa crítica severa ao unilateralismo israelense nas suas relações com os palestinos, esses, de acordo com o autor, já fizeram inúmeras concessões, enquanto que Israel continua a adotar uma postura intransigente.


Comentários Peter: O professor aponta que o artigo de George Friedman, ao enfatizar apenas questões de nível geoestratégico, acaba por ignorar fatores culturais, religiosos e ideológicos, tanto do lado dos palestinos como dos israelenses: esses fatores são essenciais para uma profunda compreensão do conflito israelo-palestino. O interessante do artigo consiste na defesa do restabelecimento das fronteiras pré-1967, feita por um autor de orientação direitista, a partir de uma análise geoestratégica; no entanto, apesar de ser uma análise original, a sua conclusão é, de certa forma, simplista pois desconsidera os assentamentos, e a sua retirada, ação que traria novos problemas e conseqüências para Israel.

Debate: Natália identificou a ausência de considerações geográficas no texto, como a questão da água e do relevo, os quais constituem-se como elementos essenciais na decisão de permanecer ou retirar-se de um determinado território. Natália também enfatizou que as linhas de cessar-fogo de 1949 já implicaram em uma expansão israelenese, comparada à proposta de partilha da UNSCOP em 1947.


Apresentação Augusto – Texto “The Israeli-Palestinian Conflict and the Arab Awakening” de Joel Beinin (Merip)


O pedido de reconhecimento da Palestina como Estado, na ONU, corresponde a um projeto feito por Mahmoud Abbas, e conseqüentemente, pelo Fatah, o qual teria como objetivo principal a substituição dos Estados Unidos como mediador do conflito israelo-palestino, e uma maior concentração das manifestações sociais pelos líderes das facções principais; Fatah e Hamas, as quais conciliaram-se de forma artificial em meio à primavera árabe. Augusto aponta que o reconhecimento, no entanto, não traria mudanças significativas ao cotidiano dos palestinos, pois Israel continuaria com a política dos assentamentos nos territórios.


Texto – “Have the Arab Uprisings made Israel less secure?” de Daniel Byman (Slate)


O argumento principal do texto estaria na concepção de que a primavera árabe, incontestavelmente, trouxe mudanças para o Oriente Médio e para as relações entre os países; no entanto, Israel aparenta não importar-se com a nova conjuntura árabe, e continua a adotar posturas hostis para com certos países. Para o autor, essa atitude corresponderia a um suicídio internacional, pois Israel acabaria isolada nas suas relações exteriores, o que poderia aportar graves consequências ao país.


Comentários Peter: O professor complementa a análise ao argumentar que o jornal Merip, de esquerda, apóia-se em um viés mais economicista, e por isso, pretende criticar essa conspiração neoliberal tanto pelos líderes palestinos como israelenses.

Quanto ao artigo do Slate, Peter aponta que, por ausência de alternativas, Israel, em suas relações internacionais, esteve algumas vezes aliada aos piores ditadores, e com as suas respectivas quedas, causadas pela primavera árabe, Israel acabaria por ter de enfrentar as consequências trazidas pela existência dessas alianças. Nesse sentido, Israel poderia ser vista como uma das vitimas das revoltas árabes.


Abraços,


Daniella K.Abramovay

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Resumo Reunião Turquia

Data, local 25 de agosto de 2011

Tema Turquia

Participantes Peter, Luciana, Ariel, Cila, Natália, Daniel, Augusto, Danilo, Daniella

Na nossa última reunião, 25 de agosto, houve a discussão de 4 artigos, retirados de diferentes sites de política externa. Cila e Natália apresentaram as idéias centrais do texto, e o professor Peter complementou com alguns pontos.

APRESENTAÇÃO CILA -Texto Principal “Islam, Secularism and the Battle for Turkey’s Future” (STRATFOR)

Cila apontou que a análise concentra-se no estudo do movimento gülenista, o qual engloba 115 países, e do partido AKP. O embate situa-se na oposição entre o islamismo e o secularismo na Turquia atual. Para o autor, há uma inserção total do islamismo na Turquia, que perpassa todas as instituições e setores, desde a educação de crianças até uma ampla presença no setor econômico do país. Cila colocou que o texto aparenta mostrar uma concepção de que, historicamente, quando a Turquia está poderosa, ela opta por um posicionamento a favor do Islam, e quando está enfraquecida, adota uma linha mais pró-Ocidental.

Apesar das semelhanças entre o movimento gulenista (o qual não pode ser considerado um partido político), e o partido AKP (que se encontra agora no poder), há uma grande preocupação, por parte do AKP, de não ser visto como um partido que proponha uma agenda islamista radical; enquanto que o movimento de Fethullah Gülen é visto, pelo autor do texto, como um grupo que procura transformar a Turquia numa sociedade mais religiosa e conservadora. O autor aponta também, que, apesar das tensões existentes entre os grupos, ambos necessitam um do outro para superar as tradicionais elites seculares (Kemaelistas) nas forças armadas, mídia, judiciário, empresariado de Istambul, dentre outros setores. Nesse sentido, o movimento Gülenista, fornece ao AKP base social, enquanto que o AKP disponibiliza ao GULEN uma plataforma política para implementar sua agenda. Cabe também citar, a importância das forças armadas para a Turquia, e a sua inerente associação com o legado de Mustafa Kemal Ataturk.

“Arab Spring, Turkish Fall” (FOREIGN POLICY)

Cila mostra que o texto tem como fundamento principal, a ideia de que as revoltas árabes fortaleceram a Turquia, no sentido de proporcionar oportunidades para que essa possa emergir como uma potência regional, solucionadora de conflitos internacionais; no entanto, a Turquia se mostra, de certa forma, “atrapalhada” neste novo papel, pois acaba por adotar atitudes contraditórias, por exemplo, ao apoiar a queda de Mubarak mas condenar a perseguição a Kaddaffi (visto os interesses econômicos que estão em jogo).

Comentários Peter: Para o professor, o autor do primeiro texto adota uma perspectiva geoestratégica, pessimista e anti-gülenista; no entanto, para Peter, apesar do movimento ser inegavelmente Islamista Conservador, ele não pode ser de forma alguma visto como radical e extremista, pelo contrário, ele almeja uma “islamização rastejante” (a qual pode ser comparadas aos emergentes movimentos evangélicos). Tendo em vista, que o AKP também representa um partido com tendência islamizante, cabe questionar se é possível ou desejável, haver uma pacífica convivência entre democracia e islamização, e se a Turquia não poderia ser considerada como o exemplo desse novo tipo de Estado de Direito.

APRESENTAÇÃO NATÁLIA – Texto “Turkey’s search for Regional Power” (MERIP)

Natália coloca que o texto analisa a tensão entre o nacionalismo secular laico e a volta do Islamismo (a partir da vitória do AKP em 2002). O autor mostra que a Turquia, no que concerne à sua política externa, adotou uma postura mais assertiva, mais independente, e almeja apresentar-se como solucionadora dos conflitos internacionais contemporâneos, por exemplo, na questão nuclear iraniana e na curda (Iraque). Essa nova postura internacional poderia levar a uma deterioração das relações bilaterais com os Estados Unidos, contudo, para o autor, isso não é certo, pois o AKP não pretende romper com os Estados Unidos, mas apenas implantar uma política externa mais assertiva em relação aos blocos regionais, para que a Turquia tenha mais amplitude no seu espaço de negociação (de certa forma como faz o Brasil também). Nesse sentido, a AKP não quer mais ser uma ponte entre Ocidente e Oriente, mas sim, “uma porta de entrada”, ou seja, uma potência regional indispensável para resolver conflitos na região (principalmente no momento atual).

Texto “Sultan of the Muslim World” (FOREIGN AFFAIRS)

Natália mostra que o argumento principal do texto constitui-se na idéia de que é preciso abandonar o antiquado paradigma de Choque das Civilizações ( Samuel Huntington) para melhor entender a identidade turca, uma vez que essa representa, uma aliança entre o islamismo e o nacionalismo secular. Novamente, o autor aponta que, desde a vitória do AKP em 2002, houve uma retomada da islamização, e, simultaneamente, a adoção de uma política externa mais assertiva e independente.

Comentários Peter: Tanto os Kemalistas quanto os Islamistas do AKP mantêm-se dentro do paradigma culturalista. O professor aponta que a Turquia, ao analisar a política do AKP, não pode ser considerada como um país anti-ocidental e anti-capitalista; no entanto, pode-se considerar que, no que tange à sua política externa, a Turquia apresentou uma mudança, de nacionalista para neo-otomanista, postura essa que permitiu que a Turquia atuasse como uma forte potência regional e solucionadora de conflitos no Oriente Médio. O seu peso militar, tendo em vista sua incontestável tradição militar, também fortalece o seu peso político como ator fundamental na sociedade internacional.

Outros pontos levantados no debate foram: a relação entre Irã e Turquia, a qual começa a enfraquecer-se, visto que Turquia quer a saída de Bashar Assad do poder, enquanto que, o Irã, como aliado da Síria, quer a manutenção do status quo; e a entrada da Turquia na União Europeia, que aparentemente, não é mais tão desejada pelos próprios turcos, uma vez que, a União Europeia enfrenta, na atualidade, inquestionáveis dilemas sobre o seu futuro.


Abraços,

Daniella K.Abramovay

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Planos para o segundo semestre

Caros,

na reunião de fechamento definimos para o segundo semestre que seriam mantidas as reuniões como mensais.
A princípio optou-se pelas datas: 25/Ago, 22/Set, 20/Out, 24/Nov e 08/Dez para fechamento.

Os temas sugeridos respectivamente são: Irã, Turquia, Palestina/Israel e um último tema de atualidade. No entanto esses temas podem ser alterados conforme o interesse do grupo.

Pensou-se também na continuidade da discussão de filmes e existem duas possibilidades: trabalhar filmes em consonância com os temas das reuniões e seriam discutidos nestas, ou ainda realizar entre as reuniões a princípio definidas debates acerca de filmes.

Em Agosto voltamos a nos falar acerca das datas e temas, mas em todo o caso são muito bem-vindas sugestões de vocês sobre filmes e textos.

Agradeço a presença e dedicação de todos nesse primeiro semestre e que continuemos juntos no próximo!

Grande abraço,
Carolina Alberice

sábado, 9 de julho de 2011

Reunião de Fechamento do semestre

A última reunião desse primeiro semestre contou com a presença do Prof. Peter além dos participantes: Daniella, Daniel, Cila, Ariel, Natália, Luciana, Danilo e Carolina.


Uma breve apresentação fora feita pelo Peter sobre a chamada "Primavera Árabe" ocorridas na Tunísia e no Egito e ainda em processo em diversos outros países como a Líbia, o Iêmen, a Síria e demais. Após a caracterização geral dos movimentos o professor pontuou também algumas limitações a serem consideradas e algumas especulações possíveis de movimentos políticos em atuação.


No dabate algumas questões foram levantadas e discutidas:



  • Nacionalismos na Líbia: circulam propostas mutuamente exclusivas de identidades religiosas, identidades pan-arabistas e identidades de território artificiais criadas pelo imperialismo europeu do século XX.


  • Políticas externa dos EUA: mais continuidades com Obama?


  • França: intervenção na Líbia com intenções demasiado otimistas?


  • Islamofobia na Europa


  • Hezbollah: sem Assad seria um enfraquecimento armamentista?


  • Os Alauitas na Síria


  • A Palestina nesse contexto

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Reunião 30/06

Para lembrá-los da reunião de amanhã, dia 30/06, às 19h30 na sala 16 do DH.

Contaremos novamente com a presença do prof. Peter para discutirmos o cronograma do próximo semestre.

Aguardo todos lá!

Att,
Carolina

sábado, 18 de junho de 2011

Resumo da reunião de Junho

À reunião do dia 16/06 compareceram os participantes de GT: Cila, Daniel, Daniella, Ariel, Luciana e Natália.


O tema do Irã fora novamente abordado através da discussão de dois filmes: O apedrejamento de Soraya M. e Cartas ao Presidente, apresentados respectivamente pela Daniella e pelo Daniel; e em substituição ao filme A onda verde, o qual não conseguimos encontrar, foram sugeridos a análise de blogs de iranianos, portanto a mesma fonte utilizada para a produção do filme.


Dos diversos pontos suscitados pela apresentação da Daniella e do Daniel, talvez o mais marcante tenha sido, pensando os dois filmes conjuntamente, certa polarização ou mesmo oposição entre campo e cidade no Irã. O campo como um local de cultura e famílias mais tradicionais, portanto mais adeptas ao "populismo" de Ahmadinejad e favoráveis às políticas do governo. E a cidade como um pólo de insatisfação com o governo e de resistências à políticas repressoras.


Os blogs versam principalmente sobre uma série de prisões ocorridas após os protestos contra as eleições presidenciais ocorridas no Irã em 2009. A apresentação ficou a cargo do Ariel que notou questões importantes a serem levantadas:



  • A forte repressão à Universidade de Teerã, o que demonstra de certa forma uma deslegitimidade do governo.


  • Ocorrência de movimentos semelhantes ao das "Mães da Praça de Maio" em que mães protestam contra a prisão muitas vezes arbitrária de seus filhos.


  • O "movimento de 1 milhão de assinaturas", que surgiu em 2006 e pretende mudar as leis discriminatórias contra as mulheres.


  • Estupro como arma de tortura, tanto contra homens quanto contra mulheres.


  • A trajetória de Ahmadinejad: como conseguiu ser eleito em Teerã e que forças o apoiaram.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Resumo da reunião 12/05

Estiveram presentes na reunião de ontem: Luciana, Gabriel, Loreta, Danilo, Natália e Ariel. Contamos também com a participação de Marcos Alan, que fizera uma breve apresentação acerca do Irã, e de Flavio Azm.

A discussão inicial se deu em torno de temas suscitados a partir da leitura do artigo No one will scratch my back: Iranian security perceptions in historical context, do autor Fariborz Mokhtari. Temas tais: a questão nuclear no Irã; a relação histórica - diplomática e política - entre Irã e Grã-Bretanha e Rússia/URSS e entre aquele e os demais países árabes; a diferenciação entre governo e nação de modo a compreender as convergências e divergências entre eles no Irã.
Em seguida a partir de relatos pessoais de experiências, de viagens e de trocas de informações com pessoas que viveram a realidade iraniana ou que dela provêem abordamos temas atuais de questões geopolíticas, a questão do véu e das mulheres nos países do Oriente Médio e a crítica à mídia brasileira especificamente e sua parcialidade.

Com o tema "mulheres" apresentou-se a história de Tahirih e a sugestão do site: http://www.tahirih.org/

Ainda foi sugerido pelo Marcos o filme Bashu - O pequeno estrangeiro, sobre a história de um menino iraniano em meio ao contexto da Guerra Irã-Iraque.


Obrigada pela presença e participação de todos!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Reunião amanhã

Confirmada a reunião de amanhã, 28/04, às 19h30 no prédio de História, sala 19.

Att,

Carolina

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reunião adiada

Caros,

com vistas às condições precárias de limpeza do prédio por causa dos últimos acontecimentos entre a Usp e os funcionários e a empresa terceirizados, decidimos por adiar a reunião de amanhã para o dia 28/04, também uma quinta-feira, às 19h30. Esperamos que até lá a situação já tenha sido resolvida.

A reunião de Maio, a princípio, será mantida no dia 12 pois contaremos com a apresentação de um convidado com quem já havíamos combinado a data previamente.

Quanto ao encontro do dia 28, devemos assistir ao filme em casa e o discutiremos em grupo. O Danilo fará uma breve apresentação de início pontuando questões que considerou relevantes no filme.

Até lá!

Carolina

domingo, 10 de abril de 2011

Reunião 14/04

Olá! A próxima reunião será quinta-feira, 14/04, às 19h30 na sala 19 do prédio de História. Discutiremos o filme Edifício Yacoubian. Um filme egípcio produzido em 2006. Até lá!

sexta-feira, 25 de março de 2011

A reunião de 17/03

A discussão de Março contou com a presença de: Ariel, Danilo, Daniel, Cila, Luciana, Natália e Beatriz.

Dentre as questões suscitadas a partir dos textos (segue abaixo um breve resumo da Cila), discutiu-se também democracia e o papel da mídia.

Por fim Daniel sugeriu outro texto complementar acerca da Irmandade Muçulmana: "The Muslim Brotherhood after Mubarak" publicado no Foreign Affairs em 3 de Fevereiro de 2011.


Os textos:

a) Abaza, Khairi. "Uniting Egypt's Opposition. Who are the protestors and what do they want?" - Foreign Affairs

b) Osman, Tarek. "Egypt after revolt, transition" - Open Democracy

c) Khalil, Magdi. "Egypt's Muslim Brotherhood and political power: would democracy survive?" - Middle East Review of International Affairs: v. 10, n° 01, March 2006.



Sobre as oposições no Egito:

O primeiro artigo nos trouxe uma detalhada lista dos principais grupos envolvidos nos recentes levantes populares do Egito que culminaram na queda de Hosni Mubarak. A pergunta-chave do texto é de que forma vários grupos de ideologias políticas diferentes coexistirão na era pós-Mubarak apesar de compartilharem a crença na transição via governo representativo. O autor Khairi Abaza é um ex-oficial do Partido Wafd do Egito e membro da Foundation for Defense of Democracies.

Primeiramente é citado o líder do movimento da NAC - National Association for Change, Mohamed El Baradei. A NAC na compreensão do autor é um grupo "guarda-chuva" para as demandas de El Baradei e para a introdução das reformas democráticas e constitucionais no Egito. Este grupo não é um partido político legalizado e tem um ano de idade.

Os demais citados são os minoritários que clamam por um sistema democrático e não ultrapassam oito anos de idade.



  • Movimento 6 de Abril: surgiu depois de 6 de abril de 2008 quando 100 mil jovens demonstraram solidariedade aos trabalhadores apoiando, através do Facebook, a maior greve já feita.


  • Kefaya: fundado em 2004 como um protesto contra a candidatura de Mubarak à presidência. Tem florescido dentro de uma coalizão que inclui esquedistas, liberais e islamistas.


  • Grupo de Khaled Said: defende o fim da brutalidade policial no país junto com o Movimento 9 de Março, lutam também por universidades independentes sem a interferência do Estado.

Menciona também os partidos liberais: El-Ghad, Democratic Front e o partido nacionalista Nasserite Arab Nationalist Karama Party.

Os partidos tradicionais da era Mubarak que compõem a maioria do Parlamento são o liberal Wafd, o socialista National Progressive Union e a Irmandade Muçulmana (ainda ilegal mas o mais organizado). Para o autor nenhum deles incitou os protestos mas têm sido os principais sustentadores deles.

Pra finalizar o autor lança questões: será que El Baradei será eleito nas próximas eleições? O prestígio da Irmandade junto à população trouxe uma coalizão entre os dois. No novo governo haverá uma influência direta da Irmandade?


As raízes dos protestos:

O segundo artigo fora escrito pelo egípcio Tarek Osman e mapeia as raízes do tumulto e as dinâmicas da nova realidade política.

Para o autor as fontes desses protestos remontam aos acontecimentos políticos, econômicos e sociais desde 1952 e a pressão incubada que eles suscitaram:



  • Mudanças na estrutura de classes: sob o movimento de liberalizãção da economia - Infitah (porta aberta) - dos anos 70 na política de Sadat, a classe média de reconfigurou com novos setores emergentes. Nos anos 80 e 90 as novas reformas econômicas dividiram a classe média entre a mais velha e a mais nova. Nos anos 2000 a inflação e os programas de aceleradas privatizações criaram tensões sociais dentro da classe média.


  • Declínio da legitimidade do conflito: Nasser (1952-1970), Sadat (1970-1981) e Mubarak (1981-2011) mantiveram governos não transparentes e sob mecanismos não-democráticos de manutenção do poder.


  • A queda das instituições: nos governos de Nasser e Sadat era possível enxergar uma maior produção de idéias e de ação governamental e parlamentar na construção política do país, em oposição ao governo Mubarak no qual as instituições tiveram um papel meramente administrativo em redor do presidente.


  • Ausência de um projeto nacional: os projetos de nação desses governos se estruturaram apenas em planos econômicos que, mais recentemente, foram diluídos em planos de cinco anos.


  • Mudança demográfica dramática: a população egípcia avançou de 45 milhões de habitantes em 1980 para 80 milhões em 2010. O que resulta em quase metade da população abaixo dos 35 anos e reflete um anseio desses jovens por desenvolvimento econômico mas também sócio-político.


A Irmandade Muçulmana:

O terceiro texto, um artigo escrito por Magdi Khalil em 2006, contesta que a Irmandade Muçulmana seja moderada.

Desenvolve uma clara e objetiva caracterização dos discursos da Irmandade Muçulmana, cujo programa político não tem sido divulgado integralmente. O autor lista algumas das principais questões da ideologia da Irmandade perceptíveis através de discursos parlamenteres e entrevistas:

a) Controle da mídia para que não se expresse nada em desacordo com as leis do Islã e banimento de séries e programas de televisão ofensivos.

b) Busca por um sistema econômico dereivado do Islã.

c) Estabelecimento de um sistema democrático compatível com o Islã.

d) Aumento do número de Kuttab (escola religiosa) e o direcionamento da educação para os ensinamentos do Alcorão.

e) Permissão às mulheres somente da liderança de postos que preservariam sua virtude.

Sob o regime não-democrático de Mubarak, a Irmandade Muçulmana aprofundaria sensivelmente esse processo autoritário já existente visto que sua inserção no Parlamento tem levado a que suas ações sejam totalmente integradas ao sistema político e de manutenção do status quo.

No artigo a Irmandade é caracterizada como um movimento fascista o que é discutível e possivelmente uma nominação imprópria ao considerar-se que ela não se utiliza de ideais nacionalistas totalitários de exaltação da coletividade nacional e de monopolização política por parte de um único partido de massa [aspectos dos fascismo segundo definição de Norberto Bobbio no Dicionário Político]. Ainda finaliza Khalil com a conclusão de que a estrutura e ações políticas da Irmandade Muçulmana são orientadas por leis e hierarquias religiosas que não se sustentariam como tal em um mundo de exigências democráticas.
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quarta-feira, 2 de março de 2011

Bibliografia para reunião

Olá a todos!

A bibliografia de apoio para a primeira reunião do GT já foi enviada aos e-mails dos integrantes do grupo.

Qualquer dúvida: monitoriagtommm@gmail.com


Att,

Monitoria GT OMMM

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

1ª Reunião

A primeira reunião do grupo em 2011 ficou agendada para o dia 17/03, quinta-feira, às 19h30, sala 19 ou 21 do Departamento de História.

O tema é "Egito" e a apresentação será feita pela Cila. A bibliografia para discussão será postada no grupo do google em breve.


Att,

Monitoria GT OMMM

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Apresentação

Este consiste no novo blog do Grupo de Trabalho (GT) Oriente Médio e Mundo Muçulmano, coordenado pelo Prof. Peter Demant (USP), com o objetivo de reunir estudantes interessados nas temáticas relacionadas ao Oriente Médio e dispostos a debater os respectivos temas.

O grupo realiza reuniões periódicas no Departamento de História da Universidade de São Paulo, como também diversas atividades que incluem palestras e mesas de discussão.

Para dúvidas e informações enviar e-mail a: monitoriagtommm@gmail.com

Segue abaixo o endereço do blog que contém os relatórios de reuniões e descrições de atividades realizadas pelo GT em 2010 bem como links para textos e vídeos relacionados a temática de estudo: http://historiadacultura.blogspot.com


Sejam muito bem-vindos!


Att,

Monitoria GT OMMM