sexta-feira, 25 de março de 2011

A reunião de 17/03

A discussão de Março contou com a presença de: Ariel, Danilo, Daniel, Cila, Luciana, Natália e Beatriz.

Dentre as questões suscitadas a partir dos textos (segue abaixo um breve resumo da Cila), discutiu-se também democracia e o papel da mídia.

Por fim Daniel sugeriu outro texto complementar acerca da Irmandade Muçulmana: "The Muslim Brotherhood after Mubarak" publicado no Foreign Affairs em 3 de Fevereiro de 2011.


Os textos:

a) Abaza, Khairi. "Uniting Egypt's Opposition. Who are the protestors and what do they want?" - Foreign Affairs

b) Osman, Tarek. "Egypt after revolt, transition" - Open Democracy

c) Khalil, Magdi. "Egypt's Muslim Brotherhood and political power: would democracy survive?" - Middle East Review of International Affairs: v. 10, n° 01, March 2006.



Sobre as oposições no Egito:

O primeiro artigo nos trouxe uma detalhada lista dos principais grupos envolvidos nos recentes levantes populares do Egito que culminaram na queda de Hosni Mubarak. A pergunta-chave do texto é de que forma vários grupos de ideologias políticas diferentes coexistirão na era pós-Mubarak apesar de compartilharem a crença na transição via governo representativo. O autor Khairi Abaza é um ex-oficial do Partido Wafd do Egito e membro da Foundation for Defense of Democracies.

Primeiramente é citado o líder do movimento da NAC - National Association for Change, Mohamed El Baradei. A NAC na compreensão do autor é um grupo "guarda-chuva" para as demandas de El Baradei e para a introdução das reformas democráticas e constitucionais no Egito. Este grupo não é um partido político legalizado e tem um ano de idade.

Os demais citados são os minoritários que clamam por um sistema democrático e não ultrapassam oito anos de idade.



  • Movimento 6 de Abril: surgiu depois de 6 de abril de 2008 quando 100 mil jovens demonstraram solidariedade aos trabalhadores apoiando, através do Facebook, a maior greve já feita.


  • Kefaya: fundado em 2004 como um protesto contra a candidatura de Mubarak à presidência. Tem florescido dentro de uma coalizão que inclui esquedistas, liberais e islamistas.


  • Grupo de Khaled Said: defende o fim da brutalidade policial no país junto com o Movimento 9 de Março, lutam também por universidades independentes sem a interferência do Estado.

Menciona também os partidos liberais: El-Ghad, Democratic Front e o partido nacionalista Nasserite Arab Nationalist Karama Party.

Os partidos tradicionais da era Mubarak que compõem a maioria do Parlamento são o liberal Wafd, o socialista National Progressive Union e a Irmandade Muçulmana (ainda ilegal mas o mais organizado). Para o autor nenhum deles incitou os protestos mas têm sido os principais sustentadores deles.

Pra finalizar o autor lança questões: será que El Baradei será eleito nas próximas eleições? O prestígio da Irmandade junto à população trouxe uma coalizão entre os dois. No novo governo haverá uma influência direta da Irmandade?


As raízes dos protestos:

O segundo artigo fora escrito pelo egípcio Tarek Osman e mapeia as raízes do tumulto e as dinâmicas da nova realidade política.

Para o autor as fontes desses protestos remontam aos acontecimentos políticos, econômicos e sociais desde 1952 e a pressão incubada que eles suscitaram:



  • Mudanças na estrutura de classes: sob o movimento de liberalizãção da economia - Infitah (porta aberta) - dos anos 70 na política de Sadat, a classe média de reconfigurou com novos setores emergentes. Nos anos 80 e 90 as novas reformas econômicas dividiram a classe média entre a mais velha e a mais nova. Nos anos 2000 a inflação e os programas de aceleradas privatizações criaram tensões sociais dentro da classe média.


  • Declínio da legitimidade do conflito: Nasser (1952-1970), Sadat (1970-1981) e Mubarak (1981-2011) mantiveram governos não transparentes e sob mecanismos não-democráticos de manutenção do poder.


  • A queda das instituições: nos governos de Nasser e Sadat era possível enxergar uma maior produção de idéias e de ação governamental e parlamentar na construção política do país, em oposição ao governo Mubarak no qual as instituições tiveram um papel meramente administrativo em redor do presidente.


  • Ausência de um projeto nacional: os projetos de nação desses governos se estruturaram apenas em planos econômicos que, mais recentemente, foram diluídos em planos de cinco anos.


  • Mudança demográfica dramática: a população egípcia avançou de 45 milhões de habitantes em 1980 para 80 milhões em 2010. O que resulta em quase metade da população abaixo dos 35 anos e reflete um anseio desses jovens por desenvolvimento econômico mas também sócio-político.


A Irmandade Muçulmana:

O terceiro texto, um artigo escrito por Magdi Khalil em 2006, contesta que a Irmandade Muçulmana seja moderada.

Desenvolve uma clara e objetiva caracterização dos discursos da Irmandade Muçulmana, cujo programa político não tem sido divulgado integralmente. O autor lista algumas das principais questões da ideologia da Irmandade perceptíveis através de discursos parlamenteres e entrevistas:

a) Controle da mídia para que não se expresse nada em desacordo com as leis do Islã e banimento de séries e programas de televisão ofensivos.

b) Busca por um sistema econômico dereivado do Islã.

c) Estabelecimento de um sistema democrático compatível com o Islã.

d) Aumento do número de Kuttab (escola religiosa) e o direcionamento da educação para os ensinamentos do Alcorão.

e) Permissão às mulheres somente da liderança de postos que preservariam sua virtude.

Sob o regime não-democrático de Mubarak, a Irmandade Muçulmana aprofundaria sensivelmente esse processo autoritário já existente visto que sua inserção no Parlamento tem levado a que suas ações sejam totalmente integradas ao sistema político e de manutenção do status quo.

No artigo a Irmandade é caracterizada como um movimento fascista o que é discutível e possivelmente uma nominação imprópria ao considerar-se que ela não se utiliza de ideais nacionalistas totalitários de exaltação da coletividade nacional e de monopolização política por parte de um único partido de massa [aspectos dos fascismo segundo definição de Norberto Bobbio no Dicionário Político]. Ainda finaliza Khalil com a conclusão de que a estrutura e ações políticas da Irmandade Muçulmana são orientadas por leis e hierarquias religiosas que não se sustentariam como tal em um mundo de exigências democráticas.
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quarta-feira, 2 de março de 2011

Bibliografia para reunião

Olá a todos!

A bibliografia de apoio para a primeira reunião do GT já foi enviada aos e-mails dos integrantes do grupo.

Qualquer dúvida: monitoriagtommm@gmail.com


Att,

Monitoria GT OMMM