terça-feira, 4 de setembro de 2012


Reunião - 26/06  AS MULHERES NO ISLÃ

Artigo “Why do they hate us?” de Mona Eltahawy. Exposição do texto feita por Ariel Finguerut. 

Ariel Finguerut 

O texto possui um teor provocativo. A autora é uma jornalista investigativa que cobriu vários conflitos, também foi presa, molestada e torturada pelo governo egípcio de Mubarak. A autora pretende mostrar a violência e opressão que as mulheres sofrem no Oriente Médio, e sua proposta é a de discutir as relações de gênero e, principalmente a dominação masculina com as políticas na sociedade como um todo. Pode-se afirmar que o texto provocou uma onda de reações e, opiniões críticas alegam que o artigo poderia ser usado não apenas para propagar reformas mas também para fomentar uma reação antimuçulmana.

1)Ponto central do texto:

Discutir a opressão que as mulheres sofrem. Não se trata de relativismo mas sim da concepção que as mulheres sob o Islã sofrem opressão. Em cada caso que a autora  analisa, ela procura mostrar que nos países árabes há um problema de autoridade que se mescla com questões culturais e religiosas. O que torna a questão mais difícil é a justiça, pois ela se torna uma parede intransponível para as mulheres. A autora mostra a arbitrariedade e a autoridade às quais as mulheres são submetidas. A autora também trabalha com os conceitos de liberdade civil e justiça. Nesse sentido a autora questiona se é necessário esperar que o próprio Islã promova a liberdade civil ou estabelecer reformas a partir do exterior?

Algumas mulheres ativistas (muitas delas favoráveis à liberdade do uso do véu ou até da burca) negam que haja essa opressão. A partir desse raciocínio, a autora questiona o que seria considerado justo e injusto, baseando sua resposta em três interpretações distintas: a balança entre opressão e violência que pode entrar no conceito de justiça; a justiça no sentido liberal de pensar o que é legítimo e como deveria ser aplicado a todos; e a interpretação de que algo é justo quando é garantida a melhor oportunidade para o melhor.

Comentários do grupo:

Prof. Peter

Não é um texto tão profundo sobre as questões das mulheres no Islã mas causou muitas reações, as razoes disso podem ser exemplificadas abaixo:
-       -O texto foi publicado na revista Foreign Policy e contém fotos provocativas;
-       -O texto não afirma nada de novo porém o que é dito é importante;
-       -O texto parece ser mais contrário à situação das mulheres no mundo árabe do que no Islã em geral;
-  -A autora exemplifica mas não cita alguns casos cruciais de opressão das mulheres tais como apedrejamentos e mutilações;
-       -Talvez a não resposta dos problemas provocou ainda mais reações.

A misoginia, amplamente disseminada no Oriente Médio, seria algo cultural (árabe) ou religioso (islâmico)? São costumes do Oriente Médio anteriores aos árabes, pois pode se observar a existência de misoginia semelhante em comunidades situadas do outro lado do Mediterrâneo. Padroes sociais anti-mulher presentes na antiguidade foram incorporados pelos árabes e pelo Islã. No Corão encontramos tanto trechos favoráveis à mulher como contrários à ela. 

Outro ponto que deve ser ressaltado é que não há uma relação explícita entre a liberdade civil e o choque de civilizações pois os “ideais ocidentais” não são necessariamente ocidentais em sua essência, ou fatalmente limitados a sociedades ocidentais. Esses ideais foram também incorporados em sociedades não ocidentais e ocasionalmente podem ser encontrados também no Islã. O problema está no Islamismo e não no Islã, pois há árabes liberais muçulmanos; de forma que o problema não seria cultural, seria político-ideológico.

Ariel Finguerut 

O texto é famoso pelo perfil provocativo e pela sua capacidade de aglutinação, apesar de não trazer nada de novo. Além disso, a autora mostra uma defesa feminista, não está preocupada com as relações Estados Unidos e Oriente Médio. Quanto às questões da liberdade civil, há um caráter messiânico da política externa norte-americana que usa a ideia de liberdade civil; pois, atualmente, o princípio de oportunidades iguais virou um argumento conservador, o argumento liberal seria tirar de quem tem para quem não tem de forma que pudessem chegar a um equilíbrio.

Luciana Garcia 

Para a autora Joumana Haddad, de “Eu matei Sherazade”, a culpa da opressão da mulher remete à época da colonização pois tanto os colonizadores como os colonizados não permitiam a discussão de temas polêmicos. Além disso, há a questão da massificação, ou seja, as mulheres endossam posicionamento machista e patriarcal.

Cila Lima

A raiva que a autora mostra impressiona. Ademais, ela levanta questões tais como se a opressão é intrínseca ao Irã ou pode ser encontrada em outros países. Outro ponto a ser enfatizado é o de que a discussão sobre a opressão feminina no Islã remete à década de 1970. Apesar de não responder a pergunta, a autora questiona o porquê da existência de segregação/ repressão no mundo árabe. A autora aparenta acreditar que a origem da opressão proveem do ódio à mulher. Além disso, a autora chama a atenção para questões e dados que passavam despercebidos. No entanto, o texto é simplista pois realiza uma dicotomia entre os homens, tidos como opressores, e as mulheres, vistas como oprimidas. A autora também desconsidera as lutas feministas no Egito e na Jordânia que ocorrem desde os anos 1920.
A autora levanta a questão da mutilação no Egito pois não é apenas uma questão cultural, é uma questão econômica também porque as clínicas lucram consideravelmente ao fazer a mutilação e ao tratar infecções provenientes das mutilações.

Cybele

O problema decorre do fato de que os movimentos feministas estão lutando contra a religião, contra os dogmas e contra às próprias leis que regem a sociedade e o país. No entanto, há diversas interpretações e leituras possíveis dos escritos religiosos.

Prof.Peter

No mundo muçulmano, como em várias outras sociedades pré-modernas, as mulheres são vistas como insaciáveis e os homens são os que realmente sofrem perigo com a sexualidade feminina. A autoestima (honra) dos homens depende do controle da sexualidade das mulheres, se a sua sexualidade não é controlada, a honra se perde; porém, isso não é específico ao Islã –o antecede por milênios- mas foi expressivamente incorporado pelo Islã.

Bibliografia da reunião:
Mona Eltahawy, “Why Do They Hate Us? The real war on women is in the Middle East.” In: Foreign Policy 5/6-2012

Reações ao artigo de Mona:
Sherene Seikaly and Maya Mikdashi, “Let’s talk about sex”. in: Jadaliyya 25-4-2012

Hilal Enver, “The face of Islam, according to Foreign Policy: The issue focused on women in the Middle East, Russia and China - but completely ignored gender problems in the West.”. in: Al-Jazeera 14-5-2012

Blog Saudi Women ( http://saudiwoman.me/ )
Vídeo da Brigitte Gabriel n qual ela pede doação para impedir a implementação da Charia nos EUA ( http://youtu.be/spnnd4D7BKo

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